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Файл:Habitação em furna e fontanário, Ribeira Brava, José Lemos Silva - 2022 - Image 205877.jpg

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Краткое описание

Описание
Português:

Habitação em furna e fontanário.

Fontanário, 1939.
Fotografia do sargento-mor José Lemos Silva.

Ribeira Brava e estrada para a Serra de Água, ilha da Madeira

Habitação troglodítica na Ilha da Madeira.
No arquipélago da Madeira, desde o povoamento que foram utilizadas estruturas escavadas na rocha, conhecidas popularmente por «furnas» ou «lapas» para a instalação de diversas actividades humanas. Estas estruturas, sempre despertaram a curiosidade dos visitantes e estudiosos. Neste âmbito, passamos a transcrever um artigo de 1923, da autoria de João Estevão Pinto [aluno da Faculdade do Letras de Lisboa], do Boletim de Etnografia n.º 2 [pp. 9-13], publicação do Museu Etnológico Português, dirigida por J. Leite de Vasconcellos, Imprensa Nacional, Lisboa. O autor deste artigo descreve-nos as diversas tipologias da «habitação troglodítica» na ilha da Madeira, numa época em que muitos madeirenses, ainda residiam, nessas mesmas estruturas escavadas na rocha.
Apontamentos para a etnografia madeirense – Habitação troglodítica.
Percorrendo quási toda a ilha da Madeira, em sucessivas excursões, observámos que o Madeirense ainda hoje tem, por vezes, habitação troglodítica.
Não nos devemos espantar com esta verdade, porque ela não revela uma característica de selvagem, como é opinião de alguns autores. Nem sempre o trogloditismo é cunho de povos no limiar da civilização: é muitas vezes o resultado das condições do ambiente físico que obriga o homem a construir na rocha a sua habitação. Não é o desconhecimento do progresso, mas sim a falta do espaço o do segurança que leva, algumas vozes, o Madeirense a viver em meio duma encosta numa furna, vendo cair por diante as quebradas que vêm de cima sem danificarem a sua habitação. É vulgar saber-se que uma destas derrocadas soterrou uma casa e matou tantas pessoas, principalmente no tempo do inverno; é precisamente por isso que o habitante da Madeira, lutando com falta do espaço e segurança, resolve fazer a sua habitação cavada na rocha, ora basalto de cor escura, que alterna variadamente com diferentes conglomerados, ora tufo, ora conglomerados unicamente.
E tudo isto porque a ilha da Madeira é extremamente acidentada, de montanhas e picos emaranhados, donde a multiplicidade e diversidade do vertentes, apresentando nos seus 828 quilómetros quadrados de superfície vinte e três picos cuja altitude máxima varia entre 975 a 1950 metros; no sentido do seu comprimento estende-se uma elevação geral donde partem serranias irregulares e sinuosas, cortadas por sulcos profundos, que vêm mergulhar-se abruptamente no mar ou que ficam suspensas à beira do Oceano, em posição majestosa, dando-nos abismos que como o «Redondo dos Ingleses», ou «Eira do Facho» [1], se olha a 589 metros de altitude. Diremos de passagem que, em virtude destes factos, a Madeira não tem praias extensas.
É pelos sulcos das montanhas, pelos vales profundos, que correm os ribeiros e as ribeiras, aumentando as suas águas, em correria doida, e arrastando tudo no percurso; põem assim essas correntes de águas caudalosas em perigo a habitação edificada em sítio descuidado. Mas a acidentação do terreno oferece-nos aspectos que não podem ser excedidos, de lindos e majestosos que são.
A habitação troglodítica é, ora permanente, ora temporária, e estão neste último caso as fumas onde dormem os lavradores na época da colheita dos cereais e alguns pastores.
A furna ó uma cavidade feita na rocha com auxílio de picareta e por vezes de brocas, ou explosões de pólvora ou dinamite, com umas aberturas regulares, alargando interiormente e tendo geometricamente forma rectangular. São bastante regulares, por consequência, as suas paredes. Umas vezes tem uma ou duas aberturas, às quais se aplicam portas vulgares, quási sempre de madeira de castanheiro, que giram sobre si mesmas, e que têm superiormente duas aberturas circulares ou quadradas, vedadas por uma rede metálica, para ventilação; ora dá-nos a impressão duma casa térrea vulgar, que fosso encaixada na rocha, porque apresenta a fachada toda caiada de branco, onde se veem as portas e janelas com persianas, com o beiral de telha de Marselha, tendo os compartimentos estucados e assoalhados. São habitações de um só pavimento e que constam geralmente do três compartimentos, dois com portas exteriores o um com janela, o que comunicam interiormente por duas portas onde se empregam as ferragens das modernas construções. Estas últimas características pertencem às furnas do segundo tipo, porque as do primeiro quási nunca têm divisões, e quando as têm são esteiras de cana de roca pregadas ao alto em paus que se encaixam nas paredes.
O conforto destas habitações (2 tipos) é muito pouco, porém oferecem por vezes um bem-estar que as habitações, mais vulgares ali, feitas de pedra solta, cobertas de colmo, e quási sempre calçadas ou de terra batida, nos podem dar; contudo as furnas são anti-higiénicas e desconfortáveis, comparadas com as casas dos remediados das vilas e dos próprios campos. Nas vivendas do primeiro tipo a mobília compõe-se, geralmente, dum catre e duma caixa ou arca de qualquer madeira indígena, um alguidar de barro vidrado, uma gamela de til, um banco ou cadeiras toscas, por vezes também uma mesa tosca, e pouco mais; a caixa ou arca quási sempre serve de mesa.
Nas do segundo tipo encontramos o mobiliário mais apurado, se bem que não vai muito além do já exposto. Estas têm, geralmente, como disse, três compartimentos: um é destinado ao casal, outro aos filhos, e o terceiro é sala de visitas e de jantar e onde as mulheres se entregam ao bordado durante a estação do inverno, porque quando o tempo é bom, tomam as refeições e bordam ao ar livre, cantando desde o pôr do sol até á noite como os bandos do passarinhos que perto as desafiam. A cozinha fica quási sempre ao lado numa gruta ou abrigo, ou, quando ó possível, num telheiro duma só água, ou palheiro; por vezes é na cozinha que se come.
As furnas são habitadas por alguns lavradores e pescadores; encontram-se estas vivendas em toda a ilha, quer no litoral quer no interior. Citaremos, ao acaso, duas habitações do segundo tipo no sítio da Ponte Vermelha, ao lado esquerdo de quem segue da Ribeira Brava para a Serra de Agua: estas construções são relativamente modernas, pois foram edificadas há uns oito anos. O número de habitações deste tipo é menor do que o do primeiro. Deste encontraremos, por exemplo, as furnas do sítio do Ilhéu, no concelho de Câmara do Lobos, e muitas moradas nos concelhos da Ribeira Brava e do S. Vicente, etc.
Há também habitações meio encaixadas na rocha: delas temos um exemplo frisante no sítio da Quinta Gaia [2], no concelho da Ribeira Brava. São em muito menor número que as descritas anteriormente; apresentam a mesma divisão interna e têm, por vezes, lojas e primeiro andar. A parte que sobressai é coberta com telha, zinco ou colmo, havendo para isso um travejamento parcial de madeira de castanho. Muitas vezes a furna deixa de ser habitação, e passa a ter outras aplicações. Em alguns sítios dão-lhe a designação de lapas.
Como habitação temporária devemos mencionar as muitas furnas, hoje desprezadas, que os trabalhadores fizeram quando construíam as levadas da Ribeira do Inferno, do Monte Medonho o do Rabaçal; aí guardavam os explosivos o as ferramentas do seu ofício, o ai dormiam muitas vezes, pela grande distância a que estavam dos casais mais próximos da Serra. Ao lado destas furnas-habitações há também aquelas onde criam gados e arrecadam os produtos das fazendas e aparelhos de pesca, havendo algumas à beira das estradas transformadas em pequenas mercearias, tabernas, armazéns, etc.
Ainda modernamente se fazem estas construções com todos os intuitos indicados, apesar de, com o ouro que a colónia madeirense traz do Brasil o América do Norte, se terem edificado dispendiosas vivendas onde existe mais elegância, higiene e conforto, mas indubitavelmente mais perigo. Quantas e quantas vezes, ao passarmos por certas casas à beira de abismos ou com verdadeiras muralhas a suster alguma derrocada, nos tememos de ali viver!

Notas:
[1] Antes da construção do miradouro do Cabo Girão [décadas de 30/40 do séc. XX], nas proximidades do Pico do Facho ou do Galo, Câmara de Lobos, este sítio era designado popularmente por «Redondo dos Ingleses» ou «Eira do Facho».
[2] No texto do artigo original está escrito: «sítio da Tintagaia». Julgamos ser lapso [!?]. Este topónimo não existe na Ribeira Brava [!?], mas sim o sítio da «Quintagaia» ou «Quinta Gaia», de acordo com: RIBEIRO, João Adriano [1998], Ribeira Brava – Subsídios para a História do Concelho, edição da Câmara Municipal da Ribeira Brava. Fizemos a correção no texto.
(José Lemos Silva)

Дата
Источник Arquipelagos (consultar ficha)
Автор José Lemos Silva

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