O monumento ao Homem Rural representa um dos mais completos programas escultóricos realizados por Soares Branco, não só pela densidade temática, mas também pela preocupação com o espaço envolvente. Neste caso, o escultor concebeu a sua obra num grande espaço, dotado de jardim elevado, o que reforça a monumentalidade e o impacto visual da obra. Trata-se de um mural de grande dimensões, que evoluiu de anteriores explorações do artista para espaços menores.

Soares Branco juntou a paisagens três grandes esculturas de vulto, que representam três trabalhadores no campo e que marcam o conjunto. São figuras rudes, marcadas pelo labor intenso da agricultura, notando-se uma sobrevalorização das mãos. Com os seus instrumentos de trabalho artesenal, parecem suspender as suas atividades, num monumento de pausa, e voltam os rostos para as paisagens campestres, orientando o olhar do observador.Nas extremidades passam-se cenas da vida rural, na paisagem recortada e lavrada em redor de Torres Vedras, a que não falta um moinho e uma casa a meia encosta: à direita, três trabalhadores cavam a terra, enquanto uma mulher, com o seu filho, transporta um cesto; a ladear as figuras centrais, duas árvores de fruto em alusão aos pomares da zona.

A mensagem da ruralidade é imediata e entronca numa tradição longamente cultivada por Soares Branco de identificação das características sócio-profissionais dos habitantes de uma determinada terra.

O conjunto integra ainda uma citação de Miguel Torga e, por se situar nas imediações da Escola Secundária, está repleto de modernas inscrições, como se se tratasse de uma obra aberta, que representa qualquer escultura pública, à mercê do entendimento de cada pessoa. Nesta obra o material utilizado foi a chapa de cobre martelada.

Agradecimento ao dr. Paulo Fernandes / oficina-museu Soares Branco

Autoria: Domingos Soares Branco (1925-2013) Data de inauguração: 1993 Localização: Praceta Doutor Francisco Sá Carneiro, Torres Vedras